terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pai.

Eu queria ter você como meu herói, queria ter crescido dizendo: "Papai, quando eu crescer, quero me casar com você". Eu queria que você tivesse me assistido em todas as minhas apresentações na escola, queria que você fosse um dos pais a me aplaudir quando ganhei aquele troféu de princesa. Eu queria que você tivesse posto o anel de formatura em meu dedo, queria que você tivesse fingido ser o papai noel pra mim. Queria ter sido afagada por você em minha primeira desilusão amorosa. Eu queria ter tido um pai.

Meu pai sempre foi um cara de muito exibicionismo. Ele adorava amostrar as lindas filhinhas e seu filhão inteligente e sagaz para todos os seus amigos e familiares. Ele fazia o tipo de Chefe da família perfeita, que de perfeita mesmo não tinha nada. Eu cresci vendo as idas e vindas do meu pai, fiquei doente milhares de vezes, todas as vezes com fundo emocional. Meus pais brigavam muito e acho que por isso eu tenho uma profunda aversão a brigas.
Eu era aquele tipo de criança que participava de tudo na escola, dançava, desfilava, concursinhos... E sempre, SEMPRE a única pessoa a me acompanhar era minha mãe. Eu sentia falta, era triste para mim, ver todas aquelas crianças com famílias estruturadas e eu só tinha minha mãe.
Mas eu cresci, sem o meu pai. Tinha também minha irmã, que sempre foi super protetora (até demais) e me deu muita assistência, a assistência que meu pai deveria dar à mim. Aos meus 10 anos meus pais se separaram definitivamente. Quem acha que eu sofri levanta a mão! Rá, eu não sofri, eu já estava habituada ao fato de que eu não tinha de fato um pai, e sim um progenitor. Eu não guardo mágoa alguma do meu pai, mas queria que a história fosse outra. A dor de ter família e não ter é grande, porém, assim como a dor de um pé na bunda (risos) a gente supera, eu superei. E ter meu pai ao meu lado não é mais a mesma coisa. Eu me acostumei com a ausência dele de tal modo que, além de não sentir sua falta, eu prefiro que esteja longe. As poucas lembranças que tenho são melhores que nossa imensa falta de jeito um com o outro.