terça-feira, 25 de agosto de 2009

Amor a bordo (II)

Ela se voltou para a mesa e viu que aquele rapaz já não estava mais lá, ela se afeiçoou a ele, mas parece que não foi recíproco.
- Até parece que ele se interessaria por mim, uma garçonete qualquer. Também, usando esse uniforme horroroso nem poderia. - ela pensou - Talvez, tenha sido até por isso que ele foi embora. Mas está ótimo, não é hora de se interessar por moço nenhum. - Ela decidiu.
Ele estava atordoado com a situação, nunca mulher alguma havia mexido tão rápido com ele e jamais dessa forma. Os dias se passavam devagar e ele não via muitos motivos para continuar fazendo o que sempre fez. Não conseguia parar de pensar nela, naquele sorriso lindo, ela finalmente o notou e ele estragara tudo, ou achava que o tinha feito.
Ele pensava em voltar àquela lanchonete, mas ainda não estava preparado e se questionava.
- Se não for hoje, quando será? Pareço um menino de sete anos querendo dar uma rosa arrancada com raízes de um parque à uma menina. Mexer a boca e emitir sons não é tão difícil assim!
Mais alguns dias se passavam e ele nada fazia. Ela continuava trabalhando em sua lanchonete, procurava por vários outros empregos, mas todos exigiam um curso de idiomas e experiências anteriores. Ela não o tinha. Decidiu adiar seu sonho de ir para faculdade, agora não tinha como. Empenhou-se em trabalhar para pagar seu curso e pagar sua diária em um hotel no centro do Rio de Janeiro que arrumara, ele não tinha luxo e até fedia um pouco. Mas nada disso a impedia de continuar tentando. Ela não voltaria para casa sem nenhuma novidade.
Em uma segunda feira, no início do mês de agosto ela procurou um curso chamado World, o preço era justo e ela se maravilhou com aquela língua que eles falavam, não entendia uma palavra sequer e soube que teria muito a estudar. Ficou feliz e empolgada. Daria mais um passo rumo ao seu sucesso. Sem demora ela se matriculou.
Na volta para casa ela passou em uma mercearia e comprou alguns desinfetantes bem cheirosos para limpar seu quarto, ela queria deixá-lo mais com sua cara e mais agradável também. Comprou cortinas novas e arrumou seu humilde quarto como melhor pôde. Ele ficou mais arejado e bem mais cheiroso. Com todo aquele novo ar ela se inspirou para escrever uma carta à sua mãe que esperava ansiosa por notícias.