domingo, 20 de fevereiro de 2011

Raridade sem casa

Eu sou difícil, de uma dificuldade chata. Uma complexidade que exige paciência.
Eu faço manha nas manhãs, faço birra nas noites. Eu odeio multidões e adoro fazer parte delas, odeio me sentir morta, mas nem vivo tanto assim. Eu gosto de estar rodeada, mas quase grito querendo ficar só. Odeio seguir moda, mas compro as revistas e leio e pior que ler é seguir os conselhos. Acho um absurdo pessoas que ganham dinheiro escrevendo livro de alto-ajuda, mas eu sou dessas psicólogas de frases prontas. Eu sou rara por ser tão comum.
Eu ouço muito e quase sempre um "você é apaixonante", as pessoas choram de rir comigo, mas me chamam de metida na rua. E mesmo assim, eu me olho no espelho tentando achar as qualidades que todo mundo vê, estampadas no meu rosto.
Eu acredito na fraqueza humana.
Eu fujo da regra do favoritismo, eu gosto de enxergar a alma, eu olho nos olhos, bem no fundo e se eu imaginar que não há ali um mar límpido eu fujo.
Eu sou corajosa, mas sou covarde. Eu rasgo o meu peito de amor, mas me fecho inteira com medo de me ferir. MAIS. Supero-o me jogo, me racho, me machuco e sofro, com dores que não têm remédio. Levanto a cabeça, com olhos marejados enxergo ao longe, traço objetivos. Todo um processo de "Pró-vida-pós-fossa".
Eu sou egoísta e me culpo, sou altruísta e me culpo. Busco o equilíbrio e putz, como é difícil.
Eu brigo, eu chingo, eu chamo de amor, eu bato, eu mordo, eu fico de mal, eu faço as pazes, brigo de novo, digo que amo, digo que odeio, digo que superei, o orgulho confirma, vivo o bom e finjo ser feliz até perceber que sou feliz de verdade.
Eu sou rara por ser tão comum.