quarta-feira, 9 de março de 2011
Umas doses e alegria
Eu acordei e mais uma vez não é você ao meu lado.
Sentei-me à beira da cama e refiz em pensamento os meus passos da noite anterior.
Depois do banho, vesti o vestido que você odiava só porque todos mexiam comigo, exagerei na maquiagem só porque você sempre disse que não precisava, pintei minhas unhas com o esmalte mais vulgar que ganhei da sua irmã, pus aquele salto ridículo que você me deu de presente.
No meu coração eu fiz questão de guardar só as coisas ruins, só os seus defeitos. Quem sabe assim eu não sofra menos, não sinta menos a sua falta. Depois de tomar a minha dose diária de ódio por você, acendi um cigarro, ajeitei meu decote e saí. Sem rumo, sem vontade, sem amor, nem mesmo por mim. Entrei no primeiro bar que avistei e sentei-me. Não precisei esperar muito tempo já apareceu uma bebida flutuante. Era a bebida em troca de uma conversa amistosa, achei justo.
Depois de muitas doses eu já não sabia exatamente o que me moveu até lá, se foi o ódio, ou se foi a dor, mas qualquer um desses já não tinha efeito sobre mim. Estava anestesiada. Consegui pensar em você sem sentir nada e era esse o meu objetivo. Posso dizer que estava até "alegre".
Me levaram pra casa, não lembro do seu rosto, não lembro do seu nome e naqueles momentos nem lembrei de você.